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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS EM ILHÉUS



A igreja da Vitória é um belo prédio do nosso patrimônio cultural, inclusive pela localização, mas não está entre os monumentos considerados importantes, pois ela foi completamente modificada depois que sofreu vários incêndios. Segundo os historiadores e segundo os conceitos mais modernos de patrimônio cultural, pode-se afirmar que esta igreja representa um patrimônio cultural de singular valor, pois traz toda uma lenda que envolve a fé cristã dos colonos portugueses à época das invasões francesa e holandesa no Brasil e uma tradição de fé que perdura até nossos dias.
Segundo Macedo e Ribeiro (1999): “A igreja de Nossa Senhora da Vitória possui uma tradição de ser um dos mais antigos templos católicos do Brasil. Segundo o Orbe Seráfico, de Jaboatão, o templo erguido em meados do século XVI, tem sua origem ligada ao início dos confrontos armados entre os colonos de Ilhéus e a nação Aimoré”. Borges de Barros (1981) afirma que essa igreja está entre os templos mais antigos da Vila de São Jorge e já foi chamada de Nossa Senhora da Neves; depois é que teve seu nome trocado.
Os aimorés entraram em luta com os colonos na capitania de Porto Seguro e se apoderaram da mesma, estendendo seus ataques até a zona rural de Ilhéus, destruindo plantações e engenhos e matando diversas famílias. Os colonos que habitavam a vila de São Jorge reagiram, resistiram e conseguiram afastar os indígenas. Vencer a luta, fato que parecia impossível, fez com que as famílias dos colonos atribuíssem a vitória a uma mulher muito branca, que foi vista por muitas pessoas, inclusive por alguns indígenas, lutando ao lado dos colonos. Na luta com os franceses, os habitantes da cidade eram em menor número, mas, chefiados pelo mais valente, um mameluco chamado Antonio Fernandes, que tinha por alcunha, o Catucadas, por causa da forma como abatia o inimigo. De acordo com Borges de Barros, vinte ilheenses abateram cinquenta e sete franceses.
Historicamente a igreja da Vitória serviu de fortaleza aos ilheenses, quando ocorreram ataques por piratas à vila: franceses, em 1595, e holandeses, em 1638. O dia 15 de agosto é comemorado pela tradição católica como o dia da Assunção de Nossa Senhora, a mãe de Jesus. Nesse dia, é comemorado na cidade de Ilhéus, o dia de Nossa Senhora da Vitória, uma das padroeiras da cidade.
O frei Agostinho de Santa Maria, no “santuário mariano”, conta fatos e fornece informações sobre as imagens da Virgem existentes na vila. Diz ele que, como a imagem primitiva que existia na vila estivesse muito estragada, foi mandada fazer outra em Lisboa, no ano de 1680. Esta imagem teria chegado estragada em Ilhéus, porque a embalagem não havia sido bem feita. Ela teria sido mandada esculpir por um morador da vila de nome Manoel da Costa. Nessa mesma época, um outro devoto, chamado Manoel Dias Filgueiras, rico negociante em Salvador, arrematante do imposto do sal, mandou construir uma nau em Ilhéus. Ao sair da perigosa barra, a embarcação não naufragou por pouco, após ele invocar a ajuda de Nossa Senhora. Em agradecimento ele enviou a imagem danificada para Lisboa, para ser consertada, e ela voltou em perfeitas condições.
No ano de 1887, um incêndio destruiu a igreja com suas imagens, inclusive aquela trazida de Lisboa no século XVII. A imagem que existe atualmente na igreja foi entalhada em Salvador e data do século XIX. A igreja passou um tempo abandonada e foi ficando em ruína, foi quando o coronel Domingos Fernandes da Silva custeou sua recuperação e a obra foi concluída em 1905, tendo sido seu estilo completamente modificado. Em 1913 foi realizada uma nova intervenção, patrocinada pelo mesmo coronel Fernandes.
É com muita fé que o povo de Deus participou hoje da Solenidade à Nossa Senhora, com a presença do Vigário Geral da Catedral e demais padres presentes.



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